Ralo pêlo pensamento, rasteiro em questões mil. Sentir na carne o chão quente, na boca o gosto de lágrimas, nos olhos o fundo do poço, sem água. A amargura de não se ter o que beber, não se ter o que comer, não se ter o que pensar. Não ter expectativa, não delirar, não ver um distante imaginário, não ter explicação. O cotidiano te queimando a pele, te fritando a cabeça, deixando o pensamento em combustão com um quê de desesperador. A iniqüidade de um mundo sem mágica não permite à mente criar asas alheias. Não permite um vôo solto pelo além mar, por sobre nuvens que se revestem tal como algodão doce num dia ensolarado. As vontades últimas são inatas, as necessidades básicas de existência do ser humano. Comer, dormir, sobreviver...nem se cogita sorrir. O jogo de exclusão social, da exclamação dos “fortes”, da premiação do inútil, do menosprezo pelo sofrimento, marcam em demasia a vida de pessoas invisíveis aos olhos ordinários que correm atrás de coisa qualquer pra si – somente pra si.
domingo, 16 de agosto de 2009
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Gostei muito, Lu. Desse em especial.
ResponderExcluirContinua, não morre de dor nos dedos, como eu. Na pior das hipóteses, estala que eles arejam.
Uma dica de música para esses tempos de inverno chuvoso?
Luna, do Piazzolla.